terça-feira, 23 de setembro de 2008

Além do impossível

São raros os momentos em que atípicas movimentações de ar e alterações climáticas conseguem dissipar esta neblina. A nebulosidade sempre existiu. Ela esconde tudo. O campo de visão fica restrito. Eu já sabia que não conseguia enxergar o suficiente. Fazia questão de não querer ver além da neblina.

Meu campo de atuação é limitado. Minha visão ainda é limitada . Eu tinha grandes problemas de locomoção. Mas de repente perdi as únicas ferramentas e ideais que eu tinha. A neblina deixou de ser cinzenta e e ficou negra. Até agora não sei onde ir. Antes eu segurava com a mão esquerda a segurança de seguir em frente e com a mão direita eu segurava todos os meus ideais.

Agora tenho as mãos livres. As mãos que eu segurava não me guiam mais. Tateio para não sair da rota. Rota esta que não sei para onde me leva. Não tenho onde ir. A névoa é maior agora. Acho que o ar está rarefeito também.

Estou sofrendo como nunca antes sofri. Estou com medo, essa quantidade de névoa significa que estou muito perto do céu. Não devo ficar tão alto Acho que o céu está me chamando para eu ficar seguro e ao lado dos meus ideais do coração. Estou entre o medo da altura e a fé de que há algo além da neblina. Talvez acreditar que exista algo logo além possa me ajudar a seguir em frente e fugir do chamado do celeste.

Apesar de estar na neblina, por que tenho que seguir pelo caminho dos cascalhos, lamas e pedras? Esse pensamento fez sumir um pouco da névoa. Enxerguei por instantes alguma coisa além do que eu conseguia ver. O que antes era impossível, enxergar, agora apareceu por poucos instantes. Vi o que era impossível, agora estou pensando no além do impossível.

Não vou mais querer andar mais neste caminho porque tenho medo do que não vejo nitidamente. Não quero disputar espaço para andar no pior caminho. Muitos dos que estão aqui deixam meu caminhar mais oneroso. Eu quero andar pelo melhor caminho, eu o vi por poucos instantes, ele é mais claro e permite que eu me guie pelos sinais da minha mente. Os sinais podem me levar além do que me é impossível.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Diálogo entre o Pastor e o Velho Sábio

Minha primeira postagem será um texto filosófico. Gosto muito deste texto... Lembro-me da minha mãe falando: "O que adianta querer ser aquilo que não é? O que adianta ter tanta ganância, culpa e preocupação? Nada paga poder deitar e colocar a cabeça no travesseiro com aquela paz de espírito..."







;) Thii


- - -

O pastor
- Minha refeição está pronta, minhas ovelhas cuidadas. A porta de minha cabana está passado o ferrolho, e meu fogo está aceso. E tu, céu, podes chover quanto quiseres!

Velho Sábio - Não preciso nem de comida nem de leite. Os ventos são meu teto, meu fogo se apagou. E tu, céu, pode chover quanto quiseres!

O Pastor - Tenho bois, tenho vacas, tenho pastos de meu pai, e um touro para cobrir minhas vacas. E tu, céu, pode chover quanto quiseres!

Velho Sábio - Não tenho nem bois nem vacas. Não tenho pastos. Não tenho nada. Não tenho medo de nada! E tu, céu, podes chover quanto quiseres!